domingo, 15 de maio de 2011

Luiz Sales fala sobre o Carnaval SP



Que Carnaval se quer em SP

Diretor da SPTuris faz balanço e descreve desafios para o futuro

Luiz Salles, diretor da SPTuris
Caio Pimenta/SPTuris
Luiz Salles, diretor da SPTuris
São Paulo, 09 de Maio de 2011 - O diretor de Ações Estratégicas e Comunicação da SPTuris - São Paulo Turismo S.A., Luiz Salles, fez um balanço do Carnaval 2011 para o Só Samba. Ele comemorou a reunificação das escolas de samba na Liga Independente das Escolas de Samba de São Paulo, falou das perspectivas e desafios existentes para os próximos carnavais e propõe amplo entendimento para melhorar o Carnaval paulistano para 2012.

Para ele, as perspectivas para 2012, são "melhores, sem dúvida". Mas alerta: "É importante agora tirar o atraso. Antes de iniciar as discussões sobre valor, repasse, se jurado é bom ou não etc., fazermos uma avaliação muito sincera tendo como base a pergunta: qual é o carnaval que queremos".

A SPTuris investiu para a realização do Carnaval paulistano de 2011 cerca de R$ 16 milhões somente em repasses para as agremiações que desfilaram no Sambódromo do Parque Anhembi e nos bairros.

Salles confirmou que já se iniciaram as obras da Fábrica do Samba - nome oficial sugerido pelo prefeito Gilberto Kassab, que deverá ser entregue para o Carnaval de 2013. O orçamento total do complexo ficou em R$ 124 milhões.

Mesmo com um balanço positivo de 2011, Luiz Salles entende que é preciso melhorar. Por exemplo, na formulação e execução de um projeto que permita a venda de pacotes turísticos antecipadamente por parte das agências de viagens. Ele comentou também o desafio de todos para elaborar e desenvolver um plano para atender os turistas que virão ao Brasil para a Copa do Mundo de Futebol, em 2014. Lembrou, a propósito, que o prefeito Gilberto Kassab já disse às escolas que gostaria que, em 2014, São Paulo tivesse dois carnavais, um no período normal e outro durante a Copa.

Abaixo,a entrevista concedida por Luiz Salles 
Qual o balanço que a SPTuris faz do Carnaval de São Paulo?

Luiz Sales: Positivo, confirmando uma tendência dos últimos cinco carnavais. Evidente que também com a identificação de pontos que devem ser melhorados e que prejudicam o evento. Mas temos certeza que as escolas de samba,  representadas por suas entidades, têm consciência disso e irão trabalhar junto com a São Paulo Turismo para o contínuo crescimento do evento.

O resultado final atendeu às expectativas do setor turístico de São Paulo?

Luiz Sales: Não, infelizmente esse é um dos pontos negativos e que, nos últimos anos, tentamos melhorar,  mas ainda não conseguimos. O Carnaval desperta a atenção e interesse dos turistas do interior de São Paulo, de outros estados e até do exterior; a estrutura montada no sambódromo, com estacionamentos e serviços de vans qualifica o produto; o espetáculo na passarela, com poucas exceções, é perfeito;  mas na ponta da venda as agências de viagens voltaram a ter sérios problemas. A Liga, que é detentora dos direitos de comercialização dos ingressos, ainda não conseguiu definir um padrão mínimo de atendimento, em um setor que no Rio de Janeiro, por exemplo, já funciona bem há décadas: a venda de ingressos para turistas por meio  de agências de viagens. Uma pena. Para dar um padrão de comparação é como se fossemos uma escola de samba e montássemos um carnaval lindo,  impecável, com samba na boca do povo e, na hora do desfile dois carros quebrassem no meio da passarela. Morremos na praia quando se fala na venda de ingressos para turistas e montagem de pacotes por agências de viagens.


Quantos visitantes São Paulo recebeu durante os dias de folia? Quantos do exterior e quantos do Brasil?

Luiz Sales: Nossa pesquisa limita-se ao Sambódromo, onde, das mais de 100 mil pessoas que passaram, pouco mais de 20 mil eram turistas. E, desses, cerca de 5 mil estrangeiros.


Quais foram os recursos investidos para a realização dos desfiles do Grupo Especial e do Grupo de Acesso? Quanto coube a cada agremiação como apoio para a realização dos desfiles?

Luiz Sales: Cada escola do grupo especial recebeu pouco mais de R$ 500 mil; as do acesso pouco mais de R$ 300 mil.

Quanto a SPTuris investiu no Carnaval feito pelas agremiações da UESP? 

Luiz Sales: A montagem da estrutura do Carnaval de bairro e no sambódromo, onde
se apresenta o Grupo 1, mais o investimento em repasse para as agremiações, ultrapassa R$ 6 milhões.


 E para o chamado Carnaval de Rua (Bandas e Blocos) também houve apoio financeiro?

Luiz Sales: Sim, tanto para as bandas, reunidas pela Abasp, quanto no Pholia, ou carnaval no centro, realizado pela ABBC. Os valores nestes casos são menores.

 Quais providências devem ser tomadas, desde já, para o Carnaval 2012?

Luiz Sales: Já começamos; tivemos  uma primeira reunião com a Liga Independente das Escolas de Samba e em breve nos reuniremos também com as outras entidades. Uma das grandes dificuldades, contudo, é de mérito, de entendimento de qual é a parte de cada um na montagem do Carnaval. Isso, infelizmente, ainda gera alguns desencontros. Felizmente, hoje, contudo, o relacionamento com os representante do samba é bem melhor
do que quando começamos, em 2005.. Sabemos, como São Paulo Turismo, onde temos que melhorar do ponto de vista da organização e infraestrutura e ano a ano vamos investindo. Já a entidades, como Liga e UESP, sabem também onde elas têm que melhorar.


 A proximidade da Copa do Mundo e as obras necessárias para São Paulo sediar a abertura e outros jogos poderão incrementar ainda mais o setor de Carnaval de São Paulo?

Luiz Sales: Se as escolas de samba souberem trabalhar esta oportunidade, sim, sem dúvida. Por outro lado, se ficarem só esperando serem chamadas para fazer apresentações remuneradas pelo poder público, como algumas ainda o fazem, perderão uma grande oportunidade. As escolas devem aprender a valorizar o seu produto - ou melhor, em alguns casos, antes ainda trabalhar  um produto para ser valorizado. Os grandes eventos são sempre uma oportunidade para os que sabem e querem trabalhar. O problema é que alguns só choram; mas felizmente outros já estão vendendo lenços. Notamos que algumas escolas de samba já  perceberam essa realidade e estão fazendo trabalhos bem interessantes e, sim,  irão tirar proveito da Copa. E só para lembrar: o próprio prefeito Gilberto Kassab já disse para as escolas que em 14 gostaria que São Paulo tivesse dois carnavais: um no período normal e outro durante a Copa.  Antes da Copa, contudo, ainda temos três carnavais e diversas oportunidades. Todos os dias  praticamente temos grandes eventos em  São Paulo.


De acordo com os últimos dados, nos balanços feitos dos eventos monitorados e administrados pelo setor de Turismo, como se classifica o Carnaval paulistano?

Luiz Sales: O Carnaval é importante. Ponto. É um erro, contudo, comparar eventos tão diferentes como o Carnaval, Fórmula 1, Parada Gay e Fórmula Indy. Cada um tem a sua importância e peculiaridade. O Carnaval, por exemplo, não é o que traz mais turista, mas é evento no qual o turista fica mais tempo. Isso é bom para a cidade.

Quais comentários podem ser feitos sobre essa performance?

Luiz Sales: O carnaval é a materialização, o ponto alto de uma organização social que vive o ano todo, uma escola de samba, e não simplesmente um evento que chega no domingo e vai embora no domingo seguinte sem ter qualquer outra relação com a cidade. Porém, é justamente esta riqueza de eventos, tão diferentes, tão complementares, que fazem o sucesso da nossa cidade.  Desde 2005 temos trabalhado forte também na estruturação das escolas de samba para o recebimento de turistas o ano todo. Quem acreditou na proposta, arregaçou as mangas e trabalho, colheu bons frutos.


Fábrica de Sonhos

As obras da Fábrica de Sonhos, a "Cidade do Samba" paulistana, já
começaram?


Luiz Sales: Sim, e o nome oficial é Fábrica do Samba, sugerido pelo prefeito Kassab e apoiado pelas escolas.


Houve acordo com a associação de médicos que ocupava o terreno? E  com a agremiação de beisebol, também?

Luiz Sales: Não. O que houve foi uma decisão da Justiça em favor da Prefeitura, já que aquelas áreas eram públicas. O processo já tinha mais de dez anos e, felizmente, o resultado saiu em um momento propício e adequado para a implementação do projeto.

Houve alteração no orçamento do projeto como um todo? Qual a  previsão de gastos totais?

Luiz Sales: O investimento, licitado,  é de R$ 124 milhões.

 Qual a previsão de entrega das obras? Os barracões (se não todos, alguns), poderão ser utilizados para o Carnaval de 2012?

Luiz Sales: Não, os barracões não poderão ser utilizados para o Carnaval de 2012; mas todos poderão ser utilizados para o Carnaval de 2013.

Houve algum  novo entendimento sobre a ampliação das áreas de dispersão e concentração?

Luiz Sales: A concentração não; na dispersão estamos perto de um bom acordo para  a ampliação do espaço, o que segundo a Liga é mais do que necessário devido ao crescimento do evento.


 Se sim, como foram essas negociações?


Luiz Sales: Sempre no aconselhamento, mostrando que unidas, apesar das diferenças, em muitos casos pessoais, eram mais fortes e que ter opiniões contrárias dentro de uma entidade faz parte do jogo democrático. Aprenderam isso um pouco tarde, mas temos fé que agora irão se fortalecer - desde que tenham equilíbrio e não levem tudo sempre para o lado do "um perdeu, um ganhou". Se for por aí, todos sempre perderão. De nosso lado, sempre tentamos manter o equilíbrio e o respeito pela opinião das partes, mas também manifestando nossa posição quando houve o risco de prejudicar o segmento como um todo.


Quais são as perspectivas para o Carnaval Paulistano de 2012 diante  do novo quadro?

Luiz Sales: Melhores, sem dúvida. É importante agora tirar o atraso. Antes de iniciar as discussões sobre valor, repasse, se jurado é bom ou não etc., fazermos uma avaliação muito sincera tendo como base a pergunta: qual é o carnaval que queremos. Definido isso, é trabalhar para concretizar, e não ficar de fora olhando e dando palpite errado, torcendo para dar errado ou querendo tirar vantagem.  Alguns dirigentes de escola de samba deveriam, de vez em quando, olhar para traz e ver o esforço feito pelos que vieram 50, 40, 30 anos antes.

O que a SPTuris poderá fazer para apoiar as novas tendências?

Luiz Sales: Estar sempre de portas abertas, atender e apoiar a todos os que queiram trabalhar com seriedade e no propósito maior. Desde de 2005, penso, já demos demonstrações mais que suficientes sobre o carinho, o respeito e atenção que dedicamos ao segmentos de escolas de samba, dentro da diretriz passada pelo presidente Caio Luiz de Carvalho e pela gestão Serra-Kassab. As portas da São Paulo Turismo estarão sempre abertas para os que quiserem trabalhar, aprender e também nos ensinar, pois precisamos aprender muito, principalmente com os mais experientes do samba.
:E para o chamado Carnaval de Rua (Bandas e Blocos) também houve apoio financeiro?
Luiz Sales: Sim, tanto para as bandas, reunidas pela Abasp, quanto no Pholia, ou  carnaval no centro, realizado pela ABBC. Os valores nestes casos são menores.

Fonte: www.sosamba.com.br

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